Ele a achava insuportável, mas mesmo assim não conseguia
entender porque a desejava tanto, porque queria tanto estar com ela, se ela
muitas vezes o deixava a esperar ainda que ligasse depois e era justamente isso
que ele odiava, mas quando ela chegava e lhe falava ao ouvido com aquela voz de
veludo, ai então ele conseguia entender, ou pelo menos fingia que conseguia.
Mas isso era tudo, muitas vezes ele queria não ve-la , lembrava-se
de ter prometido a si mesmo que não mais a procuraria, mas ela era tão doce e
ao mesmo tempo tão inoportuna que ele não conseguia desligar-se, parecia
atraído como se no corpo dela tivesse um imã que o puxava para si, que o
prendia, mas as vezes ele a odiava de tal forma que não sabia explicar.
Há como ele a odiava, quando principalmente percebia como
ela o dominava, sim, era isso, ele parecia forte, mas no fundo era tão fraco
perto dela que simplesmente não conseguia evita-la.
Sofia era para ele uma mulher insuportavelmente entediante, as
vezes, é claro, mas não, outras vezes ela parecia tão cheia de vida diante dele
que entregava-se aos seus desejos como se o tempo fosse curto e tivesse logo
que ir embora.
Então geralmente ele queria manda-la embora, mas quando ela
decidia ir, nesse momento ele chorava, sim, é verdade ele chorava e deixava ir
por terra aquela história de que homem não chora.
Mas ela o fazia chorar assim como também o fazia delirar em
alguns momentos, e exatamente depois de passados todos os êxtases ele dizia
para si mesmo:
-Como ela é insuportável e como eu a amo.